Em 8 de julho de 2005, em meio ao escândalo do mensalão, o então assessor do PT José Adalberto Vieira da Silva foi preso no aeroporto de Congonhas (São Paulo) com quase meio milhão de reais. Uma parte do valor (US$ 100.559,00) que seria destinada ao partido estava escondida na sua cueca, peculiaridade que o colocou no anedotário político. Virou até marchinha de Carnaval.
Cinco anos depois, José Adalberto vive a expectativa de reaver o dinheiro apreendido. Como estratégia, declarou o montante --fruto de propina, segundo o Ministério Público-- à Receita. E foi multado em R$ 200 mil.
Adalberto mora numa casa simples, em rua sem asfalto, em Aracati (CE), que tem Canoa Quebrada como uma das suas praias famosas. Montou uma pequena mercearia e vende farinha e chinelos a clientes que compram fiado e pagam quando recebem o Bolsa Família.
Das dez pessoas do caso que respondem a processo, ele é o único que continua com os bens apreendidos, embora já haja decisão da Justiça de liberá-los por considerar que o valor baixo de seus bens não cobrirá a ação, caso seja condenado. Após o escândalo, perdeu o emprego de assessor parlamentar e deixou o PT após 17 anos.
Quebrando o silêncio de cinco anos, ele revelou à Folha sua estratégia para recuperar o dinheiro. "Declarei [o dinheiro] porque entendi que tinha que declarar, afinal de contas o dinheiro estava comigo, não pertence a ninguém, então eu declarei como sendo uma doação e pronto. Ninguém vai ouvir da minha boca quem é o doador. Sobre isso não falo."
"Tomei uma multa da Receita Federal num valor aproximado a R$ 200 mil. Não paguei. Meus advogados recorreram, mas até agora a Receita não se manifestou sobre o recurso." A Receita não comenta o recurso.
À polícia ele disse que o dinheiro veio da venda de produtos na Ceagesp. Depois afirmou que pegou com um amigo chamado João Moura. Para o MP, o dinheiro veio de propina de empresários que conseguiram facilidades para um empréstimo no Banco do Nordeste. Todos negam.
A Folha apurou que guardar mistério sobre a origem do dinheiro faz parte da tática para reconquistar a quantia. Se admitir que é propina, ele ficará sem o montante.
"Sobre o dinheiro, é uma questão que eu ainda tenho dificuldades de falar, até para um psicólogo. É uma coisa minha, de foro íntimo. E não estava na cueca, mas no cós da calça. Também, que diferença faria se eu tivesse guardado o dinheiro de qualquer outra forma? Estando comigo naquela circunstância, sendo quem eu era, o estardalhaço teria sido o mesmo".
Ele diz que cometeu um erro e está "pagando por isso": "Gostaria que todo mundo me esquecesse. Mas não existe isso que eu estava cumprindo missão partidária".
Sua esperança agora é retomar o dinheiro: "Eu hoje sobrevivo, não tenho grandes débitos, mas também não tenho dinheiro na poupança. Vamos ver o que a Justiça decide. Não tenho expectativa de quando isso vai se encerrar, mas de que o dinheiro vai voltar para mim".
Cinco anos depois, José Adalberto vive a expectativa de reaver o dinheiro apreendido. Como estratégia, declarou o montante --fruto de propina, segundo o Ministério Público-- à Receita. E foi multado em R$ 200 mil.
Adalberto mora numa casa simples, em rua sem asfalto, em Aracati (CE), que tem Canoa Quebrada como uma das suas praias famosas. Montou uma pequena mercearia e vende farinha e chinelos a clientes que compram fiado e pagam quando recebem o Bolsa Família.
Das dez pessoas do caso que respondem a processo, ele é o único que continua com os bens apreendidos, embora já haja decisão da Justiça de liberá-los por considerar que o valor baixo de seus bens não cobrirá a ação, caso seja condenado. Após o escândalo, perdeu o emprego de assessor parlamentar e deixou o PT após 17 anos.
Quebrando o silêncio de cinco anos, ele revelou à Folha sua estratégia para recuperar o dinheiro. "Declarei [o dinheiro] porque entendi que tinha que declarar, afinal de contas o dinheiro estava comigo, não pertence a ninguém, então eu declarei como sendo uma doação e pronto. Ninguém vai ouvir da minha boca quem é o doador. Sobre isso não falo."
"Tomei uma multa da Receita Federal num valor aproximado a R$ 200 mil. Não paguei. Meus advogados recorreram, mas até agora a Receita não se manifestou sobre o recurso." A Receita não comenta o recurso.
À polícia ele disse que o dinheiro veio da venda de produtos na Ceagesp. Depois afirmou que pegou com um amigo chamado João Moura. Para o MP, o dinheiro veio de propina de empresários que conseguiram facilidades para um empréstimo no Banco do Nordeste. Todos negam.
A Folha apurou que guardar mistério sobre a origem do dinheiro faz parte da tática para reconquistar a quantia. Se admitir que é propina, ele ficará sem o montante.
"Sobre o dinheiro, é uma questão que eu ainda tenho dificuldades de falar, até para um psicólogo. É uma coisa minha, de foro íntimo. E não estava na cueca, mas no cós da calça. Também, que diferença faria se eu tivesse guardado o dinheiro de qualquer outra forma? Estando comigo naquela circunstância, sendo quem eu era, o estardalhaço teria sido o mesmo".
Ele diz que cometeu um erro e está "pagando por isso": "Gostaria que todo mundo me esquecesse. Mas não existe isso que eu estava cumprindo missão partidária".
Sua esperança agora é retomar o dinheiro: "Eu hoje sobrevivo, não tenho grandes débitos, mas também não tenho dinheiro na poupança. Vamos ver o que a Justiça decide. Não tenho expectativa de quando isso vai se encerrar, mas de que o dinheiro vai voltar para mim".
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