Desde a sexta-feira de Carnaval, após a visita do Sr. Carlos Lupi à presidente Dilma Roussef, circulam notícias (bisbilhotices?) a respeito do PDT, do Ministério do Trabalho e Emprego, de suposta troca de ministro por um nome indicado do Lupi (pasmem! Logo o cidadão das fanfarronices do “ninguém me tira daqui”, do “Dilma eu te amo”...).
Vale lembrar que a mandatária também recebeu outro presidente de partido, além do Lupi, o Sr. Alfredo Nascimento (PR). Os dois foram recebidos a pedido de Lula, segundo matérias veiculadas em jornais e blogues nacionais.
Os desdobramentos dessas conversas ainda não sabemos. Mas, gostaria de chamar a atenção para o nosso caso, o do PDT. Essa visita (tão solicitada já há algum tempo, segundo as mesmas matérias), coincide com o atual momento partidário: O de inconformismo com a nossa atual direção nacional e o surgimento, pela primeira vez, de uma real disputa com chapas.
É que os atuais presidente e secretário-geral tem dirigido o PDT de uma forma muito cartorial, antidemocrática e muito distanciada das nossas raízes, da nossa história e razão de ser de um partido cuja sigla de três letras tem duas muito significativas: (D)emocrático e (T)rabalhista.
A rigor, os dois dirigentes tem sido burocratas de carreira, nada mais. E que me perdoem os seus agraciados, eles não tem representatividade política em seus estados e, muito menos, a nível nacional. O mais conhecido até goza de desprestígio. Diria que exercem a direção partidária com o mesmo zelo que um executivo gere a sua empresa. Assim tem sido a vida do nosso partido desde junho de 2004. Um partido democrático e trabalhista desfigurado e reduzido a um partido-empresa! Nada a ver com o partido trabalhista e democrático de outrora. Eis a nossa realidade. E falo abertamente porque o PDT precisa de uma ampla e profunda discussão, retomar o caminho original e contribuir para a construção de um país melhor sem a hipocrisia reinante.
E, reconheçamos, tornaram-se expertises do “jogo partidário”. Deixam o partido nas velhas comissões provisórias formadas em acordo ao humor e confiança. Quando a fórmula cansa, e os pedetistas começam a cobrar a formação de Diretórios porque os líderes estaduais precisam e desejam mais segurança jurídica, os “chefes” empurram com a barriga até onde podem e, no cair da tarde, fazem Diretórios em pseudoconvenções feitas a toque de caixa. Sempre com a minuciosa supervisão e exame das biografias locais e toda a camaradagem superficial. Fico a pensar na rédea curta com que se deparam os nossos representantes estaduais mais ilustres, aqueles com cabedal e representatividade política.
Existe alguma semelhança entre os nossos vultos, a exemplo de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Francisco Julião, Neiva Moreira, Jackson Lago, Doutel de Andrade, Abdias do Nascimento, Luis Carlos Prestes e tantos outros com esses dois atuais senhores e muitos de seus fiéis subalternos estaduais, especialmente com a forma com que dirigem o nosso partido?
Os exemplos estão aí a olhos vistos por todo o país. O PDT, hoje, é o partido desfigurado, da negociata por cargos e benesses. Tornou-se um partido igual a tantos que estão por aí com a mesma finalidade, à direita e à esquerda, ao centro, sem mencionar alguns que se orgulham em declarar que nem de centro são. Ou seja, estão aí para disputar o “negócio”, as verbas, os espaços a serem loteados, as vicissitudes da pobre política que tanto atrasa ao nosso país e corrói a nossa democracia. A visita do Lupi à presidente reflete isto e algo mais: chantagem.
O caso do Maranhão é emblemático: dirigentes cartoriais e sem prestígio político foram nomeados para exercer o controle partidário e fazer a pior política. Hoje, o sarneyísmo agradece, pois, hoje por hoje, muitos desses dirigentes são tão ou mais mal vistos pela sociedade que os seus próprios piores quadros. Seja pelos antecedentes de alguns por passagem em cargos públicos, seja pelo que todos tem feito ao partido em termos de conchavos e negociações para atendimento de interesses pessoais. Eis o partido do Lupi e do Manoel Dias!
Em setembro de 2011, o PDT realizou a primeira parte do V Congresso Nacional em Porto Alegre. Era para ter sido somente uma comemoração aos 50 anos da Campanha da Legalidade – movimento cívico liderado pelo então governador Leonel Brizola que garantiu a posse do vice-presidente João Goulart e inibiu o golpe cívico-militar de nossas atrasadas e servis elites.
Entretanto, aconteceu ali a manifestação de vários companheiros do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul desse inconformismo e pela necessidade de renovação da direção nacional partidária. Houve uma percepção de acolhida por boa parte dos presentes.
A segunda parte do V Congresso, a deliberativa, seria realizada no primeiro semestre de 2012, em Brasília. Que fizeram os atuais “chefes” do PDT? Simplesmente não convocaram a segunda parte. Não realizaram. Não aconteceu. Não cumpriram com o que estava estabelecido para o partido!
Preferiram ditar os destinos do partido entre 4 paredes, em reuniões fechadas com alguns da Executiva Nacional. Os “chefes” Lupi e Manoel Dias ditando tudo a todos! Inventaram seminários, encontros de “gestão partidária”, formação dos famosos núcleos de base, etc.
Mas, nem nesses seminários de gestão partidária falam o óbvio: a questão da transparência. Para termos uma ideia e ficarmos somente na questão financeira do partido, em 2012, o PDT recebeu 14 milhões, 413 mil, 743 reais e 21 centavos do Fundo Partidário, segundo os dados do TSE. Agora, em janeiro de 2013, recebeu outros 767 mil, 159 reais e 16 centavos, segundo os dados do TSE. Como esse fundo público repassado para o nosso partido é administrado? Há comprovação das despesas? Notas fiscais? Esse fundo é usado de forma democrática e transparente?
Pois bem, companheiras e companheiros, é hora de reagir, aqui e agora, é preciso dar um basta a essa triste realidade partidária. E o momento está chegando - a Convenção Nacional -, que deverá ocorrer em março deste ano, dentro de alguns dias. E os “chefes” parecem estar intranquilos porque, até hoje, não marcaram a data deste evento.
É a hora das lideranças partidárias, os senadores e os deputados federais se posicionarem por um partido melhor, democrático e transformador. Caso contrário, ficarão na mesmice por mais dois anos. Para decepção do povo brasileiro.
Saudações Trabalhistas!
Igor Lago
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