quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sócio mandava tirar extintores das paredes da boate, diz ex-funcionária(QUE SIRVA DE EXEMPLO)

Vanessa Vasconcelos trabalhou por dois anos no local da tragédia.

Advogado de proprietário diz que informação não 'é razoável'.
                             Vanessa Vascelos com o Pai
 
Funcionária da boate Kiss até dezembro de 2012, Vanessa Vasconcelos disse em depoimento à polícia nesta quarta-feira (30), que Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, um dos sócios da casa noturna, mandava retirar os extintores de incêndio das paredes por questão estética. Questionado pelo G1, o advogado de Kiko, Jader Marques, negou a informação.

O incêndio em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 235 mortos no último domingo (27). A jovem trabalhou por 2 anos no estabelecimento e perdeu a irmã, que trabalhava como recepcionista, na tragédia.

"Ele achava feio os extintores. Mandava tirar. Só colocava de volta quando ia ter inspeção ou quando ficava com receio que iriam inspecionar", afirmou ao G1 Vanessa, ao lado do pai, depois de deixar a delegacia. Ela conta que, após uma sessão de fotos da boate, ouviu do patrão: "Como estes extintores ficam feios na parede".

"Não é verdade, não me parece razoável essa informação. Estou estabelecendo o que me parece razoável pelo que falei com ele. O local de maior exposição era o palco e ali tinha extintor", disse Jader Marques após a entrevista coletiva que concedeu sobre o caso na manhã desta quarta.


AS 06 BOATES DE IMPERATRIZ SÃO VISTORIADAS DESTE 2009, AFIRMA DEFESA CIVIL MUNICIPAL

A Superintendência de Defesa Civil já tinha em sua agenda de ações, para o início deste ano, a fiscalização nas boates de Imperatriz. A tragédia ocorrida na madrugada desse domingo (27), em Santa Maria (RS), que vitimou mais de duas centenas de pessoas, antecipou essa ação do órgão. A informação foi prestada pelo superintendente Francisco das Chagas Silva, o Chico do Planalto, que coordena pessoalmente a equipe de fiscais.

Na manhã da última segunda-feira (28), Chico do Planalto e sua equipe começaram a visitar as seis maiores boates de Imperatriz, casas frequentadas por centenas de jovens, na maioria de classe média e alta. As casas estão situadas, principalmente, no centro e também na Avenida Beira-Rio, onde se concentram clubes e academias de ginástica.

Uma das maiores preocupações da Defesa Civil diz respeito, principalmente, à questão da segurança das pessoas, tanto as frequentadoras como os próprios funcionários das casas. "Em primeiro lugar, verificamos se essas casas possuem portões de saída, de preferência largos, para que as pessoas possam sair com mais rapidez em casos como o que ocorreu em Santa Maria", afirma Chico do Planalto.

Ele observa que todos esses estabelecimentos devem apresentar extintores de incêndio em todos os compartimentos do prédio, bem como sinalização luminosa indicando a saída de emergência. Chico do Planalto lembra ainda que as casas não podem receber um número maior do que o estabelecido pelos órgãos de segurança.

O superintendente explica que as casas de show, para estarem regularizadas, devem procurar os órgãos competentes, como o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, Vigilância Sanitária e Secretaria de Meio Ambiente. "Se todos os órgãos concluírem que a casa está apta para funcionar, então a prefeitura concede o devido alvará de funcionamento", afirma Planalto.

Fiscalização - De acordo com Chico do Planalto, a Superintendência Municipal de Defesa Civil encontra dificuldade em realizar a devida fiscalização desses estabelecimentos. "No ano passado, um dono de uma casa noturna chamou até um juiz amigo dele para prender os fiscais da Defesa Civil", afirma.

"Espero que, a partir desse triste episódio registrado em Santa Maria, esses proprietários entendam que quando a Defesa Civil faz essas cobranças, é visando à segurança de seus frequentadores, que são seus clientes; de seus funcionários e até deles mesmos", afirma Chico do Planalto, acrescentando que, ao encerrar a fiscalização nas boates, passará para clubes e demais casas noturnas da cidade. (Domingos Cezar)